Ansiedade é um termo cada vez mais presente na vida das pessoas ao redor do mundo, e o Brasil lidera esse cenário preocupante. Segundo a Organização Mundial de Saúde, quase 10% dos brasileiros lidam com algum tipo de ansiedade, destacando o país como líder mundial nesse tipo de problema. O crescimento alarmante desse transtorno em território brasileiro é ainda mais acentuado quando comparado ao aumento médio global.
Enquanto no mundo os casos de ansiedade cresceram em média 2% entre 1990 e 2017, no Brasil esse índice saltou para 9%. Esse cenário demonstra um impacto profundo não apenas na saúde dos indivíduos, mas também em suas finanças pessoais, criando um ciclo vicioso de dificuldades financeiras e saúde mental deteriorada.
O impacto da ansiedade nas decisões financeiras

A relação entre problemas de saúde mental e dinheiro é complexa e multifacetada. Quando uma pessoa sofre de ansiedade, administrar as próprias finanças pode se tornar uma tarefa hercúlea. Entre os principais desafios financeiros enfrentados por essas pessoas estão a desorganização orçamentária, dificuldade em analisar documentos financeiros, esquecimento de contas a pagar e impulsividade nas compras.
É um círculo vicioso no qual problemas financeiros exacerbam o estado mental dos indivíduos, e o agravamento da saúde mental leva a escolhas financeiras ainda piores. Além disso, a pesquisa indica que quase metade das pessoas endividadas possui algum problema de saúde mental, uma proporção consideravelmente maior em comparação com aqueles sem dívidas.
Compreendendo a capacidade financeira
A capacidade financeira refere-se à habilidade de gerenciar bem o próprio dinheiro, incluindo desde pagar contas em dia até realizar um planejamento para o futuro. Esse conceito é influenciado por inúmeros fatores, e a saúde mental é um dos elementos cruciais. Em um país onde muitos vivem com rendas limitadas, a dificuldade em manter as finanças organizadas se agrava ainda mais com problemas como a ansiedade.
Não há receitas mágicas para resolver esses desafios financeiros. No entanto, é crucial buscar ajuda profissional, tanto para questões de saúde mental quanto para questões financeiras. Há serviços e profissionais disponíveis para auxiliar nessa jornada, muitos dos quais são acessíveis por meio de universidades ou programas sociais. Procurar essa ajuda pode ser um passo importante para se libertar do ciclo de ansiedade financeira.
Os efeitos da pandemia no cenário brasileiro
A pandemia de Covid-19 trouxe à tona essas questões com ainda mais força. O impacto da crise sanitária na saúde mental da população é incalculável, e efeitos como o aumento do desemprego e o fechamento de negócios intensificaram os problemas financeiros e o estado de ansiedade de milhões de brasileiros. Durante 2020, as pesquisas online sobre ansiedade aumentaram significativamente, um reflexo claro de como a pandemia exacerbou essas preocupações já latentes entre a população.
Especialistas apontam que a ansiedade financeira tornou-se uma realidade ainda mais dura no Brasil devido ao cenário econômico adverso. O país entrou numa fase que é considerada por muitos como uma nova “década perdida” em termos de performance econômica, uma situação ainda piorada por taxas recordes de endividamento e desemprego.
Quebrando o estigma da saúde mental
Para mitigar essa situação, é crucial quebrar o estigma associado aos problemas de saúde mental. Muitas pessoas ainda não sabem que sofrem de transtornos como a depressão ou a própria ansiedade, e essas condições frequentemente permanecem sem tratamento, prejudicando não apenas o bem-estar emocional, mas também a vida financeira dos indivíduos. Promover a conscientização e facilitar o acesso a tratamento são passos essenciais para ajudar as pessoas a gerenciarem melhor tanto sua saúde mental quanto suas finanças.
Por isso, é importante que governos e instituições trabalhem em conjunto para oferecer soluções integradas que abordem tanto os aspectos de saúde mental quanto o suporte financeiro. Ao proporcionar um ambiente mais acolhedor e menos estigmatizante, mais pessoas poderão buscar o auxílio que necessitam. Cuidar da saúde mental não deve ser considerado um luxo, mas sim uma parte fundamental da manutenção do bem-estar econômico e social de todos.
Estratégias para enfrentar a ansiedade financeira
Para quem sente que está preso nesse ciclo de ansiedade financeira, procurar ajuda especializada é crucial. Existem diversos profissionais e serviços disponíveis para oferecer suporte psicológico, seja pessoalmente ou via plataformas online. Além disso, organizações não governamentais e universidades frequentemente oferecem serviços de apoio acessíveis para a população. Buscar esse tipo de auxílio é um passo determinante para se distanciar das dificuldades financeiras impostas pela ansiedade.
Por outro lado, estratégias de educação financeira também podem ser benéficas. Aprender a organizar melhor suas finanças, estabelecer prioridades e evitar o comportamento de compra impulsiva são práticas que podem amenizar o impacto da ansiedade no dia a dia financeiro. A educação nesse campo pode capacitar as pessoas a lidarem melhor com suas condições financeiras, trazendo mais estabilidade e previsibilidade para suas vidas.